Caro você,
Escrevo aqui aquilo que jamais serei capaz de dizer. Aquilo que tem sido mantido em um lugar muito escuro do meu coração chamado "desesperança"; aquilo que às vezes posso ter certeza sobre, e as vezes não.
A verdade é que eu poderia ter dito algo mais cedo, se não me preocupasse com você, também. Mas prometi à mim mesma que não faria nada que não tivesse certeza, pois não me perdoaria por magoá-lo com minhas incertezas. Então nunca pude dizer a verdade, pois não sabia quanta sinceridade havia nela.
Então, eis aqui minha meia-verdade: eu adoraria estar com você naquela noite, na praça central, onde celebravam o centésimo sétimo aniversário de Woodstall, onde Phill disse tê-lo visto segurando um anel. Eu teria amado dizer que sim, mas essa não era minha realidade. Vivemos em mundos paralelos, mas distintos, e você sempre soube disse. Mas, diferente de mim, você optou por procurar meios, maneiras de fazer dar certo. E aqueles foram os 365 dias mais preciosos de toda minha existência, mas não tornavam a nossa realidade diferente do que era e do que sempre seria. Ainda acabaríamos da mesma forma: distantes e infelizes.
Mas espero que, ao contrário de mim, tenha encontrado sua felicidade. Espero que não viva em amores perdidos, em lembranças opacas de bons tempos, em constantes questionamentos do que poderia ter sido. Espero que esteja bem, em algum lugar ensolarado e repleto de vida, como sempre desejou.
Atenciosamente,
eu.
fragmento de "cartas para fantasmas"
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